Pessoas com quem trabalhei: o Nariz

6 01 2012

Nunca soube o nome do Nariz. Para falar a verdade, nunca sequer consegui identificar se rosto. Só sei que era o Nariz e andava pela empresa. Se comentava a boca pequena sua presença, quase como um fantasma ou um duende que ninguém consegue identificar onde está ou como é, mas todos têm certeza de sua presença.

Eu nunca tinha levado muito a sério essa história que mais parecia mitologia de escritório do que qualquer outra coisa. Mas, um dia, pude sentir sua presença. Estava eu no banheiro, sentado no meu trono, pronto para sujar a louça quando percebi alguém entrando no mesmo banheiro. Não me senti inibido já que sou da política de que o banheiro é o único lugar no mundo em que se é permitido ser podre. Se não puder mostrar o seu pior no banheiro, não poderá em nenhum outro lugar.

Para comprovar isso, aproveitei e toquei a trompeta com vontade, anunciando minhas intenções dentro daquele ambiente sacro-santo. Qual não foi minha surpresa quando escuto a pessoa respirar fundo! E de novo. E de novo! “O Nariz”, eu pensei, “E agora, o que eu faço?” Na hora o cu travou. Não passava nem fio de cabelo, tudo completamente fechado sem a menor possibilidade de negociação. E ele continuou lá, dando fungadas impacientes em busca de mais insumo para sua tara. Mas não dava, o Nariz tirou minha liberdade no trono, tirou minha coroa.

Desde esse dia, antes de começar os trabalhos, sempre balanço a roseira e espero alguns segundos para confirmar que quem está no mesmo banheiro não é o Nariz, mais uma pessoa com quem trabalhei.


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